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  • Foto do escritorObES - UNIFESP

Aquele sobre esperança

Por: Andressa Alexandre Soares¹

Suzano, 20 de setembro de 2020.

 

Desde o início da pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde em 11 de março deste ano, devido a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, protocolos mais ou menos rígidos foram adotados em todos os setores da sociedade e por todo o mundo com o intuito de tentar controlar e minimizar a disseminação do novo vírus.


O mundo mudou drasticamente, a quarentena nos trouxe novas perspectivas. Nossas rotinas e vidas foram profundamente impactadas e, após 6 meses do início da pandemia, o tempo parece ter passado voando, mesmo que cada dia tenha se arrastado lentamente para o próximo dia incerto e igualmente arrastado como o dia anterior.


Presenciamos a inadaptabilidade do nosso governo em proteger os mais vulneráveis ao lidar com uma situação tão séria de forma tão leviana, diversos problemas sociais foram escancarados, novos problemas surgiram, as instabilidades política-social-ambiental-pedagógica que já nos preocupavam, passaram a ser maiores e a estar mais presentes em nosso imaginário, a perspectiva de uma sociedade melhor, mais justa, nunca nos pareceu tão distante.


Você, assim como eu, já deve ter se perguntado como ter esperança de um futuro melhor dada situação do nosso presente ser tão angustiante, mas esperançar é necessário e fundamental. Paulo Freire nos diz que:


“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.”

A esperança freiriana nos apresenta um novo sentido, ao imaginarmos um futuro, um lugar a alcançar, nós devemos trabalhar ativamente para que ele seja possível, esperançar é uma ação, é mover-se.


É claro que não é tão fácil ressignificar, catalisar e redirecionar todos os sentimentos que nos afloram em situações difíceis como a que estamos vivendo, é natural senti-los, mas não devemos nos deixar dominar por esses sentimentos. O desânimo, a prostração, a desesperança são sentimentos reacionários, e só servem aos que querem que aceitemos um futuro dado, único e imutável. A esperança, do verbo esperançar, nos permite organizar esses sentimentos para usá-los como combustível para a luta, ela faz com que tomemos para nós a responsabilidade pela mudança, para a partir daí projetarmos e construirmos o futuro que almejamos.


A história já nos mostrou que os momentos de maiores crises são onde surgem os maiores desejos de transformação radical da realidade. A construção de mudança passa pela organização individual e coletiva, as respostas aos desafios do nosso tempo estão no esperançar, no agir com esperança, porque apesar de tudo, assim como também nos ensinou Paulo Freire, como indivíduos e como sociedade, nossa história sempre será de possibilidades, o nosso futuro não está determinado, ele está em construção, hoje.

Sugestões de conteúdo:


Para ler:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.


Para assistir:

Tempero Drag - com Rita Von Hunty- disponível no YouTube

Tese Onze - com Sabrina Fernandes- disponível no YouTube

¹ Discente de Ciências Ambientais – UNIFESP. E uma esperançosa integrante do Programa de Extensão Universitária “Escolas Sustentáveis” da Universidade Federal de São Paulo.

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