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E os pets durante e no pós-pandemia?

Uma pergunta que deve ser feita

Por: Bruna Gimenez da Silva¹

Diadema, 12 de julho de 2020

 

Chegar em casa após um cansativo dia de trabalho ou de estudo, e se deparar com a felicidade de seu animal de estimação graças à sua volta, é um dos momentos mais gratificantes da semana, não é mesmo? Porém, devido à pandemia, consequente do novo Coronavírus, esta ocasião não tem sido muito rotineira, visto que, uma boa parte da população está integralmente em casa, trabalhando em Home Office ou então, tendo aulas remotamente. É um momento delicado de isolamento e, às vezes, é comum nos sentimos sozinhos (as). Há quem tenha o privilégio de minimizar esta sensação ao partilhar os atuais dias na companhia de um pet. Já uma parcela dos que não convivem com eles, estão buscando pela adoção ou compra de um, o que é compreensível, por conta dos benefícios que essa relação tende a nos proporcionar. De acordo com estudos realizados pelo Centro de Nutrição e Bem-Estar Animal Waltham, 82% dos tutores de pets confirmaram um impacto positivo deles em suas vidas. Além disso, 64% dos entrevistados alegam se sentir mais felizes e relaxados pela presença de animais em casa. Dessa forma, vale supor que este é o momento mais oportuno para amparar um animal em sua residência... Mas será que este pensamento está inteiramente correto?


É provável que você já tenha lido ou escutado falar sobre o livro “Vidas Secas”, escrito por Graciliano Ramos, que retrata sobre a vida de uma família de retirantes sertanejos que se deslocam diversas vezes para os locais menos afetados pela seca. Eles têm uma cachorra chamada Baleia, e é encantador ver que, mesmo passando por grandes dificuldades, os personagens sempre se preocupavam com o bem-estar da Baleia, e nunca cogitaram o seu abandono. O esperado é que todos os animais sejam tratados como a Baleia, mas lamentavelmente essa não é a realidade, conforme indicado pelo site Catraca Livre, mais de 4 milhões de cães e gatos vivem abandonados ou em ONGs pelo Brasil. Veja bem, animais abandonados... Porém, nem todas as notícias são ruins! Durante este período de pandemia, houve um aumento de 50% pela procura por adoção de pets. Ressalto que é necessário saber da responsabilidade de levar um animal para casa, e estar consciente que o pet deverá receber atenção, ter um espaço adequado para o seu conforto e ir constantemente ao veterinário. Dessa forma, com a adoção consciente, o número de abandonos não continuará aumentando.


Apesar de termos visto que uma parcela da população acaba desabrigando os cães e gatos que adotaram/compraram, a maioria dos brasileiros não têm essa atitude imprudente, cuidando dos animais da maneira apropriada e permanecendo com eles por toda vida. Nota-se a importância dos pets para os seus respectivos donos ao analisar como andam os hospitais veterinários e pet shops neste isolamento social, os quais são considerados serviços essenciais. Como posto pela Associação Brasileira Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a demanda por compras de produtos ligados à alimentação animal cresceu cerca de 30% desde a quarentena. Foi-se o tempo que o animal era considerado o “guarda-costas” da casa, permanecendo o dia inteiro no quintal, e normalmente se alimentando da comida que havia sobrado do almoço ou jantar. O atual momento mostra como eles se tornaram uma das prioridades para a maior parte das famílias que os integram.


Além da atenção à alimentação e saúde dos pets, é fundamental que os donos fiquem atentos ao comportamento dos animais, especialmente quando as rotinas se normalizarem. Para nós, o isolamento está sendo um inconveniente momento. Já para os bichinhos, tem sido muito satisfatório ter os seus donos 24 horas por dia com eles. Portanto, é possível já ir os acostumando a ficarem um determinado tempo sozinhos, assim como acontecerá com a vinda do fim do distanciamento social. Uma maneira citada pelo veterinário Ricardo Fontão é a de promover atividades divertidas e lúdicas aos companheiros caninos e felinos que não necessitem da sua presença, assim eles saberão que ficar sozinhos também pode ser prazeroso. Deste modo, não haverá o desenvolvimento pela dependência do dono, e eles saberão que não é um problema que vocês fiquem por algumas horas separados.


Por meio dos fatos e dados apresentados nesta coluna, acredito que tenha ficado esclarecida a seriedade que se deve ter ao tomar a decisão de levar um animal à sua residência. Para que esta iniciativa não seja impulsiva, nem cause futuros arrependimentos, o ideal é se questionar antes de tudo: “as condições financeiras que possuo são favoráveis para a criação de um pet?”; “a minha casa tem espaço suficiente para a garantia de seu conforto?”; “pós-quarentena, ficarei bastante tempo fora de casa. É saudável que o animal que pretendo resgatar fique estas horas sozinho?”; e, a essencial para o momento de agora: “gostaria de permanecer com o pet quando tudo se normalizar?”. Na incidência de respostas negativas, a melhor escolha é não adotar, nem comprar. Por mais difícil que pareça, é possível que a sua saúde mental fique estável neste período, mesmo sem a presença canina ou felina. Já para as respostas positivas, ter um animal lhe trará um grande contentamento, e diariamente ele retribuirá o cuidado que fornece a ele. Será uma relação de constante troca de benefícios e ambos terão grandes mudanças em suas vidas - felizmente, para melhor.


¹ Professora e Cientista em formação na UNIFESP. Integrante do Observatório de Educação e Sustentabilidade – UNIFESP. Participante do Grupo de Pesquisa Movimentos Docentes. E-mail: gimenezsbruna@gmail.com



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