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Respostas da natureza ao isolamento social

Atualizado: 24 de jun. de 2020

Por: Thays Soares¹ e Thiago Araújo²

São Paulo, 17 de maio de 2020

 

No momento presente, tempo de pandemia da COVID-19, sigla para “COrona VIrus Disease” (Doença do Coronavírus), está sendo travada uma luta mundial contra um vírus impossível de ser visto a olho nu, mas que tem um impacto enorme na saúde das pessoas e no modo que elas agem em relação a isto. Até então, o melhor método preventivo é o distanciamento social, seguido pelo uso contínuo de máscaras e constante lavagem das mãos com água e sabão. No Brasil, a quarentena foi decretada, primeiro, em São Paulo no dia 24 de março, seguido por outros estados, a fim de manter o distanciamento social e diminuir a circulação do vírus entre as pessoas, “achatando a curva”. Em outras palavras, diminuindo o número de pessoas contaminadas dentro de um curto espaço de tempo. No entanto, a forma como cada cidade, estado e país e sua respectiva população está reagindo à pandemia não é homogênea. Alguns países mantêm altas taxas de isolamento social, contudo, outros, como o Brasil, demonstram dificuldades em sua implementação, chegando a taxas de 50%, um valor muito baixo, quando ideal seria 70%.


A quarentena não está causando impacto apenas na vida e rotina do homo sapiens sapiens, ou seja, nós, espécie humana, mas também em outras formas de vida. Em meio à visão antropocêntrica, na qual o ser humano se considera o ser dominante entre as espécies e o meio ambiente, o fato de, momentaneamente, sairmos de cena, causou uma repercussão à querida Mãe Natureza. Citamos alguns casos, como o dos leões que foram vistos tirando um cochilo em estradas na África do Sul, ou na Tailândia onde houve uma guerra entre gangues de macacos por alimentos devido à falta de turistas que costumam alimentá-los. Outro exemplo é em Hong Kong, onde a ausência de visitantes no zoológico Ocean Park resultou em algo surpreendente: um acasalamento de pandas após 10 anos de tentativa (veja na BBC). Exemplos mais comuns tomaram as redes no início da quarentena, você com certeza viu que as águas dos famosos canais de Veneza tornaram-se mais claras, uma vez que o tráfego diminuiu e os sedimentos da superfície associados à alteração da coloração permanecem no fundo (veja no G1). Há ainda diversos casos de praias desertas que, sem a presença e interferência de humanos, em que estão sendo registradas a presença de tartarugas e a eclosão de ovos, em maior número e segurança, como é o caso da tartaruga-gigante, espécie ameaçada de extinção. Além disso, de acordo com a PUC foram registradas quedas significativas de emissão de dióxido de nitrogênio no ar na região metropolitana de Campinas, e por meio de imagens divulgadas pela NASA, constatou-se que houve diminuição da poluição do ar na China (em comparação com a mesma época em 2019) devido à paralisação de atividades industriais.


Tais informações tornam possível notar com mais facilidade os sérios impactos ambientais que o ser humano causa a natureza, seja devido à reafirmação da ideia antropocêntrica de que a natureza é meramente um objeto de seu gerenciamento ou pelo simples habitar, que impacta e altera a dinâmica de outros animais no ambiente. Por exemplo, um dos fatores que mais impactam a biodiversidade é a superexploração (quando a taxa de retirada de indivíduos das espécies da natureza é superior à reprodução ou plantio), exemplificando, é o que acontece na exploração de madeira, caça e pesca.


Bom, para esclarecer... O intuito aqui não é julgar e culpar o ser humano a respeito de suas ações, mas, sim, incentivar e promover uma onda de mudanças de hábitos. Como disse Rachel Carson, bióloga, cientista, escritora e ecologista:

“o ser humano é parte da natureza e sua guerra contra ela é, inevitavelmente, uma guerra contra si mesmo.”

Portanto, que tal utilizarmos esse período de quarentena e desaceleração para pensarmos sobre nossos hábitos de vida e de consumo. Com atitudes simples é possível criar e alimentar essa onda de mudanças.


E agora te convidamos a uma reflexão, você já parou para pensar quanto as suas atividades diárias influenciam na emissão de carbono? Não? Então aqui está um desafio: descubra quantas árvores você, caro leitor, cara leitora, precisa plantar anualmente para compensar os impactos negativos que causa à natureza, mas é claro, leve em conta seus hábitos pré-quarentena. Tenha esse exercício como incentivo para adotar atitudes e hábitos mais sustentáveis.


Sabemos que uma hora o distanciamento social vai acabar, então voltaremos a habitar os locais como antes. Haverá um sentimento de libertação, mas que haja também empatia em relação não só aos outros humanos e suas perdas, mas também ao ambiente em que vivemos, e com isso a mudança certamente virá, seria ótimo se retornássemos a “normalidade” como pessoas melhores e conscientes. Nós, humanos, fazemos parte da natureza, somos uma espécie como todas as outras que habitam o planeta. A importância do respeito ao ambiente não se limita apenas a contínua existência de bens e serviços para gerações futuras, mas principalmente, para compreensão que coexistimos em um planeta com diversas formas de vida, e que todas, possuem igual importância na natureza.


¹Discente de Ciências Biológicas – UNIFESP. Bolsista de Comunicação e Divulgação Científica do Observatório de Educação e Sustentabilidade da UNIFESP. E-mail: thayzdss@gmail.com


²Discente de Ciências Biológicas – UNIFESP. Bolsista de apoio à pesquisa e desenvolvimento do Observatório de Educação e Sustentabilidade da UNIFESP. Participa como tutor no Programa de Extensão Universitária "Escolas Sustentáveis". E-mail: thiago.henrique18@unifesp.br



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