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Educação no confinamento

Qual nosso papel?

Por: Giovanna Tonzar dos Santos¹

Franca, 15 de julho de 2020

 

Eu sempre ouvi dizer que a universidade pública é um convite à autonomia e penso que, em tempos de pandemia, pensar com a própria cabeça tem se mostrado mais imprescindível do que nunca. Eu tive apenas duas semanas de aula até o decreto de suspensão total e, desde então, o debate sobre a EAD tem sido diário. A virtualidade é colocada em xeque a todo o momento, principalmente na questão de sua efetividade e abrangência.


De acordo com Paro, em seu texto “A Natureza do Trabalho Pedagógico”, a educação é a relação social para apropriação de um saber. Logo, se a relação social é modificada, o saber também será. Ir até o ambiente de estudo propicia interagir com outros agentes sociais, experimentar a diversidade e relacionar-se em um ambiente extra doméstico, ou seja, essa grande parcela do que é educação já está sendo perdida na EAD.


Somado a isso, o ambiente virtual tem outras definições de temporalidade, concentração e absorção do conteúdo em si. Driblar esses conceitos, bem como, o constrangimento que desafia o estudante a aprender é fácil nesse meio. O educador e o educando devem misturar seus papéis e serem ativos no processo da educação, isso só é possível na presença física e com a relação efetiva entre essas partes.


Além disso, acrescento o artigo 205 da Constituição que diz que a educação é direito de todos e deve visar o desenvolvimento pleno e preparar para o exercício da cidadania. Uma vez que é direto de todos, a EAD seria inviável, pois está longe de ser total o acesso a meios tecnológicos para esse tipo de aula, bem como o ambiente propício para o acompanhamento da mesma.


Ademais, a EAD reduz esse direito também pelo parecer número 5 do dia primeiro de junho de 2020 que exige dos educadores garantirem apenas a aprendizagem por esse meio virtual, isto é, passar atividades a fim da memorização de um conjunto de conteúdos para passar em uma prova e pegar um diploma. Isto é preparação para um futuro cidadão?


Não tenho a audácia de propor uma solução incontestável para essa nova “educação”, porém propor uma possibilidade de reflexão a ser explorada por nós estudantes que temos o desafio de pensar em como garantir o acesso à educação como a Constituição prevê e não uma mera realização de tarefas para obtenção de um diploma, desumanizando todo o processo.


Sugestão de leitura:


Texto “A Natureza do Trabalho Pedagógico” de Vitor Henrique Paro no livro Gestão Democrática da Escola Pública, páginas 29 a 37.





¹ Ingressante do curso de Ciências – Licenciatura pela Universidade Federal de São Paulo, integrante do grupo de pesquisa Movimentos Docentes e bolsista PIBEX do Programa de Extensão Universitária “Escolas Sustentáveis”.


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