Por: Rafael Simão da Silva¹
São Bernardo do Campo, 12 de agosto de 2020
Quando iniciei minha trajetória na educação, em uma escola de ensino médio, não imaginava o que estaria por vir. Formado a mais de 3 anos, nunca tinha entrando em uma sala de aula como professor. Minha experiência profissional, até esse momento, era na Segurança Pública, uma área distante da Educação.
Ao chegar na escola, percebi que nada havia mudado em relação a época em que cursei o Ensino Médio. Salas lotadas, falta de professores e falta de estrutura continuavam sendo a tônica desse ambiente. E, infelizmente, rapidamente me adaptei a essa situação, repetindo aquilo que havia acompanhado durante a minha formação no Ensino Médio: aula cheia de teorias, com muito giz, lousa e broncas ao menor dos ruídos. Foi quando, por uma imposição da coordenação da escola, conheci a UNIFESP e a minha visão sobre a Educação e sobre a sua importância para a sociedade mudou completamente. Em uma das parcerias entre a Universidade e a Diretoria de Ensino de Diadema, estava sendo oferecido um curso de formação continuada para professores da área de Ciências da Natureza, ministrado por professores do campus Diadema da UNIFESP. E que curso!
Logo na primeira aula, com professoras formadas em Química e Biologia, percebi que o ensino poderia ser interdisciplinar, com uma atividade sendo desenvolvida e utilizada por duas ou mais disciplinas. Que descoberta incrível. Nesse momento, consegui perceber, em minha opinião, o real sentido da educação: dar luz ao que se ensina, relacionando os assuntos discutidos com o cotidiano, ampliando o poder de criticidade e de participação na sociedade dos nossos estudantes.
Mas após essa ação, Universidade-Escola Básica, percebi que naquele momento, eram raras ações em conjuntos entre as instituições. Comecei a questionar o porquê desse distanciamento. Chegando a diversos motivos possíveis, tratei de tentar, de alguma forma, aproximar a Universidade da escola onde trabalho. Procurei a Universidade e comecei a interagir um pouco mais com os projetos já desenvolvidos para a Escola Básica. Logo de início, fui convidado a orientar estudantes do curso de Licenciatura em Ciências durante o estágio supervisionado. Por um semestre, 4 graduandas estagiaram com as minhas turmas do ensino fundamental, realizando um trabalho maravilhoso. Em conjunto, desenvolvemos sequências didáticas que conseguiram se desvencilhar das práticas tradicionais de ensino.
E os estudantes amaram. Percebi um ganho substancial, na minha prática docente, durante essa troca com as estagiárias, sendo que elas puderam vivenciar o ambiente escolar e o ambiente de sala de aula. Após essa atividade, me inscrevi na seleção para professor supervisor do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), sendo selecionado. E a experiência foi sensacional. Os bolsistas e voluntários desenvolveram um trabalho fantástico, tendo o reconhecimento da comunidade escolar ao fim do período. Mais uma ação Universidade – Escola Básica vitoriosa.
Que a relação Universidade – Escola Básica seja mais fortalecida, para que a educação seja sempre valorizada, sendo a mesma fortalecida como ferramenta de crescimento e desenvolvimento social.
¹ Professor da rede pública estadual de São Paulo e da rede municipal de São Caetano do Sul. Licenciado em Ciências – Química e licenciado em Pedagogia, é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da UNIFESP. Download desta matéria.
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