Uma reflexão sobre ações que beneficiam a sociedade, a doação de sangue em questão
Por: Erika dos Santos Brunelli¹
Suzano, 14 de maio de 2020
Estamos habituados a ver a palavra “sustentabilidade” associada ao meio ambiente, relacionada à medidas que garantam a sobrevivência e manutenção dos bens e serviços do planeta, seja por empresas que adotam atividades sustentáveis ou por pessoas que acreditam que pequenos atos podem fazer a diferença… Reciclar o lixo, por exemplo, se destaca entre as ações individuais. Em contraponto a essa compreensão enraizada do termo “sustentabilidade”, busco neste texto apontar um desafio, para mim e para você, de realizar uma autoreflexão sobre outras atitudes sustentáveis fora do senso comum, que possam contribuir mais efetivamente com a promoção de atitudes mais humanas e socialmente positivas.
Temos acompanhado especialmente nos últimos dois meses, durante a pandemia do coronavírus, que a sociedade no geral tem sido instigada a apresentar atitudes mais cidadãs, pois a situação global nos direciona a isto. Particularmente, venho observando, com frequência, várias pessoas se mobilizando para fazerem compras para os vizinhos que estão no grupo de risco, pessoas se disponibilizando para ajudar estudantes de baixa renda a estudarem para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), além de diversas campanhas de doação de alimentos e dinheiro para os mais vulneráveis economicamente e para recursos na área da saúde. E até mesmo famílias se organizando, fazendo vídeo-chamadas com seus avós para confortá-los, diante do isolamento social. Mas, em meio a tanta solidariedade, algo essencial para o momento não se popularizou, pelo contrário, teve uma queda brusca: a doação de sangue.
O recomendado pela OMS - Organização Mundial da Saúde - e que a mídia está sempre reforçando, é para nos mantermos em casa, saindo apenas em situação de real necessidade, como ir a mercados e farmácias, evitando ao máximo frequentar o ambiente hospitalar, o que é extremamente pertinente. O problema é que a situação atual tem colaborado para a queda drástica de oferta de sangue nos hemocentros de todo o Brasil, potencializando o colapso na saúde pública. E nesse momento você deve estar pensando “tá, mas quem vai querer se arriscar?”. Bom, além do fato de que os excessos de informações midiáticas causam a normalização do sofrimento, ou seja, uma maior insensibilidade perante a quantidade de mortes, paradoxalmente, há uma certa falta de informação de que muitos hemocentros são dissociados dos Pronto Socorros, onde há mais risco, o que possibilita a doação de forma segura, pois, além disso, estão recebendo os doadores apenas com horário agendado, a fim de evitar aglomerações. Ainda sim, alternativas adotadas foram à instalação de pontos para doações por Drive-thru.
Várias medidas e campanhas estão sendo desenvolvidas e outras tantas já estão em andamento, na perspectiva de alimentar os bancos de sangue e evitar ainda maiso colapso na saúde nacional. Entre as medidas, uma se destaca, e tem foro jurídico. Era muito difícil supor que com o atual governo uma medida tão improvável seria tomada, mas foi... A liberação da doação de sangue por homens homossexuais. Tendo em vista, que mesmo com o aumento das campanhas, o número de doadores permanece muito inferior ao ideal. e então, pergunto, seria essa outra estratégia para suprir a demanda de bolsas de sangue? Pelo sim, pelo não, vale focar na importância histórica, social e pessoal que tal conquista apresenta. Sem dúvidas, mais uma das medidas legais que buscam reconhecer e diminuir as discrepâncias sociais existentes.
Várias medidas e campanhas estão sendo desenvolvidas e outras tantas já estão em andamento, na perspectiva de alimentar os bancos de sangue e evitar ainda mais o colapso na saúde nacional. Entre as medidas, uma se destaca, e tem foro jurídico. Era muito improvável imaginar que com o atual governo isso seria aprovado, mas foi... A liberação da doação de sangue por homens homossexuais. Tendo em vista que, mesmo com o aumento das campanhas, o número de doadores ainda permaneceu muito inferior ao ideal, seria essa aprovação apenas uma estratégia para suprir a demanda de bolsas de sangue? Pelo sim, pelo não, vale focar nos benefícios desta liberação, na importância histórica, social e pessoal que tal conquista apresenta. Sem dúvidas, mais uma das medidas legais que contribuem para diminuição das discrepâncias sociais existentes.
O ato de doar sangue geralmente contribui com o sentimento de satisfação do doador, aflorando a autoestima por estar fazendo o bem e sendo altruísta afinal, quem doa está salvando vidas. Além disso, essa atitude é capaz de promover indiretamente tolerância e respeito para com seus pares, sem distinção de raça, etnia ou sexo. Mas enfim, o que isso tem a ver com sustentabilidade mesmo? Você provavelmente já deve ter ouvido falar dos ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU - Organização das Nações Unidas. O 3º ODS dessa agenda visa “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”, incluindo a diminuição substancial na morte de acidentados e crianças, que muitas vezes podem depender de uma transfusão de sangue para sobreviver. Assim, fica mais evidente que essa ação, principalmente neste período de pandemia, incentiva a promoção de uma sociedade mais sustentável, pois, além de ser uma atitude cidadã, contribui para a minimização do colapso na área da saúde, salvando pessoas.
A sustentabilidade pode e deve estar presente em toda a nossa rotina. Aqui foi abordado um único caso, porém, diante da situação atual do mundo, nós precisamos ser mais humanos, praticar a empatia não só com nossos pares, mas também com o ambiente em que vivemos. É indispensável que a gente se solidarize e reflita sobre como vivemos e como queremos viver daqui em diante, promovendo o equilíbrio e o bem-estar da sociedade.
Saiba mais: #EuDouOSangue
¹ Bióloga. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Química - UNIFESP. Coordenadora técnica do Observatório de Educação e Sustentabilidade – UNIFESP.
Comments