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Foto do escritorObES - UNIFESP

Quarentena, um respiro na questão do lixo?

Atualizado: 28 de set. de 2020

Por: Nayara Alves¹

São Paulo, 27 de setembro de 2020

 

Tenho percebido em minhas redes sociais e, também, em minhas vivências que a quarentena, causada pela Covid-19, proporcionou às pessoas um novo olhar ao que é dito como consumo essencial. Você já parou para pensar na dimensão, em números, do lixo que produzimos em nossas casas, seu destino e o impacto que causa ao meio ambiente?


A Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), responsável pela gestão dos resíduos e limpeza urbana da cidade de São Paulo, em seu site, disponibiliza dados que indicam que no período de janeiro a agosto de 2019 foram coletadas 2,43 milhões de toneladas de resíduos domiciliares comuns e em 2020, no mesmo período, consta com 2,39 milhões de toneladas, mostrando uma queda de 1,7% cerca de 42 mil toneladas.


Tratando-se de resíduos domiciliares recicláveis, no período de janeiro a agosto de 2019 foram coletadas 52,28 mil toneladas e em 2020, no mesmo período, 62,82 mil toneladas. Mostrando um aumento de 16,7% ou 10 mil toneladas.


Com estes números, podemos ver que considerando apenas os resíduos domiciliares, mesmo em queda, ainda produzimos em nossas casas uma quantidade muito maior de lixo comum do que de recicláveis. Estes números em muitos casos se dão por conta do descarte incorreto de resíduos recicláveis que acabam se misturando com os rejeitos e tendo como destino os aterros sanitários e lixões. Que além de ser um risco para saúde pública, podem contaminar o lençol freático, solo e rios.


Ansiedade e o consumo de comidas pedidas por aplicativos


Vivemos um momento de muita ansiedade e estresse, causados por diversos motivos que se intensificaram com o isolamento. Pela mudança em nossa rotina, procuramos em casa outras formas de driblar estes sentimentos, e uma delas é o consumo de comidas a partir do uso de aplicativos, que já se encontrava em alta e se intensificou durante a pandemia.


Confesso que num dia em que estes sentimentos tentavam me dominar, meu ponto de fuga foi comprar comida por aplicativo pela variedade e facilidade de não precisar preparar o alimento. Porém, ao receber o produto em casa, me espantei com a quantidade de descartáveis que vieram juntos e que seriam evitados se eu tivesse escolhido preparar meu alimento. Em outro momento, experimentei “colocar a mão na massa” e consegui ter ali a fuga tão desejada, pude me conectar com o que consumo e me tranquilizar do estresse do dia a dia.


Precisamos ampliar nossa visão e pensar em tudo que está envolvido com uma simples escolha nossa. Aumento em compras de refeições por meio de aplicativos, significa um aumento na produção de embalagens descartáveis que sem um descarte adequado, como dito acima, acabará se juntando aos rejeitos.


Mudanças simples em nosso cotidiano, como separar o resíduo reciclável, e minimizar o consumo excessivo, podem evitar possíveis riscos à saúde pública e à segurança de quem está na linha de frente, diminuindo também os impactos ambientais. Projetos como os da TerraCycle e Recicla Sampa buscam nos informar por meio de vídeos, técnicas de reciclagem e notícias, a importância de aumentar a quantidade de materiais reaproveitáveis e diminuir o volume dos resíduos enviados aos aterros e lixões.


Por meio destes dados apresentados, proponho aqui uma reflexão sobre nossos atos e um novo olhar aos resíduos, comuns e recicláveis, gerados por nós.

Saiba mais:

Discente de Ciências Biológicas, Universidade Federal de São Paulo.

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