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O problema emergente do plástico

Reflexões acerca da praticidade versus o impacto ambiental

Por: Giovanna dos Santos Matos Paiva¹

São Paulo, 23 de agosto de 2020

 

A palavra “plástico” tem origem no termo grego plastikós, que significa “adequado à moldagem”. O termo, que deu origem ao nome, reflete a sua fácil transformação mediante o emprego de calor e pressão, possibilitando a fabricação de diversos objetos como sacolas, embalagens, sapatos, entre muitos outros. O plástico é um material oriundo das resinas derivadas do petróleo e pertence ao grupo dos polímeros, que são formados por moléculas de diferentes tamanhos, unidas por reações de polimerização. Já parou para refletir sobre a quantidade de objetos feitos com este material que utilizamos em nosso dia-a-dia? Que o plástico é versátil e está presente em quase tudo, a maioria de nós já imagina, mas e quanto ao seu impacto no meio ambiente?


Estamos habituados a conviver com este polímero de diferentes maneiras, mas principalmente na forma de embalagens descartáveis. Em qualquer confraternização, reunião ou café, lá estão eles, os copos, os pratos, os talheres. A criação do plástico na sua primeira forma comercial sintética ocorreu em 1907, pelo químico belga Leo Baekeland (1863-1944) e desde então apresentou um rápido desenvolvimento, porém foi em 1909 que o descartável surgiu a fim de atender a legislação americana que proibia o uso de xícaras compartilhadas em trens para evitar a disseminação de doenças. Daí em diante, o uso desses descartáveis passou a ser adotado para além da questão de saúde, e foi adotado como sinônimo de praticidade. Usou, descartou! Simples, prático e rápido. Plástico!!!


Analisando esse descarte, nos deparamos com um grande problema relacionado a uma característica do plástico, sua durabilidade, levando aproximadamente 400 anos para se decompor. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), por ano, mais de 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos e cerca de 90% de todo o lixo flutuante nos oceanos é plástico e, até 2050, 99% das aves marinhas terão ingerido pequenas partes desse material. Tendo em vista esses dados alarmantes, em 2017 a ONU lançou a campanha #MaresLimpos contra a poluição dos oceanos provocada pelo consumo de plástico. E, coincidentemente, nesse fim de semana (ontem, vinte e dois de agosto de dois mil e vinte) chegou o dia de sobrecarga da Terra, o que significa que a partir de ontem, estamos em débito com os bens e serviços do planeta. Imagina pensar que o copo descartável que você utilizou por menos de cinco minutos hoje, estará na Terra pelos próximos 400 anos, preocupante, não?


A cada ano que passa, e me atrevo a dizer, cada segundo, nós estamos produzindo mais e mais plástico, gerando mais lixo e prejudicando constantemente o meio ambiente, e tudo isso em nome da praticidade? Do custo-benefício? Que custo-benefício é este, que ao comprarmos um pote de shampoo a dez reais, permitimos que ele vague pela Terra pelos 4 séculos seguintes? O planeta está doente e devemos nos atentar a curá-lo antes que seja tarde.


Na minha concepção, é preciso agir em passos, viver um dia de cada vez e adotar mudanças gradativas, que quando acumuladas, irão representar imensa diferença. O primeiro passo é o consumo consciente, comece a se questionar se você precisa comprar aquilo, se existe uma alternativa viável mais sustentável que você possa consumir naquele momento, se você pode reciclar e reutilizar o que consome. Se me permite dar uma dica: se atentem ao olhar. Quando sensibilizamos a nossa visão perante determinados assuntos, passamos a notar coisas que antes passavam despercebidas, ações que são realizadas no automático na rotina.


O momento nos pede mudanças, nos pede atenção e nos pede urgência. Trinta anos até contaminar nossos oceanos com mais plástico do que peixes, é um período curto, mas que pode ser evitado a partir das nossas atitudes como ser humano, e quando eu digo atitudes, quero dizer sobre todas, até mesmo as que aparentam ser mais banais, como não jogar o papel na rua, sabe? Como começar a levar seu próprio copo ou garrafinha para os lugares, ou mesmo compostar o lixo orgânico.


Sobretudo, estamos juntos nessa, e precisamos mudar juntos também.


¹ Graduanda de Ciências Ambientais – UNIFESP. Colaboradora no grupo de trabalho de Comunicação e Divulgação Científica no Observatório de Educação e Sustentabilidade – UNIFESP.


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